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Discurso de S.E. Primeiro Ministro no Debate Parlamentar Crescimento Económico e Emprego

Senhor Presidente da Assembleia Nacional

Senhores Membros do Governo

Senhores Deputados

 

De 2009 a 2015, Cabo Verde atravessou um longo período de estagnação económica com impacto no aumento do desemprego e da pobreza.

O crescimento anémico de 1% em média anual, durante sete anos, demonstrou a dificuldade em recuperar dos efeitos da crise despoletada pelo subprime em 2007. A maior parte das economias recuperou os ritmos de crescimento. Cabo Verde ficou em estagnação.

De 2016 a 2019, em contexto de secas severas, o país saiu da estagnação e registou crescimento forte, cerca de 5%, média anual.

Em 2020, a crise da pandemia da COVID 19 provocou a maior contração económica registada em Cabo Verde. A economia registou uma quebra brusca e forte de 20,8%. Foi brusco e brutal!

Ao contrário do longo período estagnação registado de 2009 a 2015, as políticas assertivas de proteção e de recuperação económica e social permitiram Cabo Verde registar um crescimento de 6,8% em 2021 e de 17,7% em 2022.

Em dois anos, mais do que recuperamos a forte quebra de crescimento económico registada em 2020.

Recuperamos perante a mais grave crise económica mundial registada desde a II Guerra Mundial.

Recuperamos ainda em contexto de pandemia, acrescido dos impactos da escalada inflacionista provocada pela guerra na Ucrânia, que fez a inflação disparar para 8% em 2022.

Em 2023, o crescimento económico continuou forte e o desempenho macroeconómico forte.

Depois de uma forte quebra em 2020 e 2021, atingimos mais de um milhão de turistas em 2023.   A tendência do crescimento do turismo continua neste corrente ano de 2024.

O desemprego e a pobreza aumentaram significativamente em 2020 e 2021 por causa da crise mundial provocada pela pandemia.

Diminuíram em 2022 e 2023, graças à retoma do crescimento económico e das políticas ativas de emprego e de empregabilidade e graças às políticas de proteção e inclusão social.

Segundo o FMI, “em 2023, o desempenho macroeconómico foi robusto, e apresentou um crescimento de 5,1 por cento, baixo nível de inflação, e um nível prudente de reservas internacionais (…). O rácio da dívida pública em relação ao PIB continua numa trajetória descendente, refletindo o alto índice de crescimento e um excedente orçamental primário inédito em 2023 (2% do PIB)”.

Este forte desempenho económico reflete-se na elevação da classificação do risco de Cabo Verde de “B-” para “B”, anunciada ontem pela Fitch Ratings.

Segundo a Fitch Ratings, a elevação da classificação reflete as perspetivas robustas de crescimento económico e o forte desempenho fiscal de Cabo Verde.

É um bom indicador da recuperação económica pós-pandemia da COVID 19.

É um bom indicador de que estamos no caminho certo de crescimento económico robusto com consolidação orçamental, redução da dívida e melhoria das contas externas.

Temos que continuar a trabalhar para melhorar ainda mais a cotação externa do país, reduzir os riscos e aumentar ainda mais a confiança a economia do país e nas suas perspetivas futuras.

Estamos também no caminho certo para colocar a taxa de desemprego a níveis inferiores a 10%, reduzir para menos de 10% a proporção de jovens fora da educação, do emprego e da formação e eliminar a pobreza extrema.

As políticas ativas de emprego e de empregabilidade através da qualificação profissional, da fiscalidade, do fomento empresarial e do empreendedorismo têm tido impacto na redução do desemprego jovem.

De 2016 a 2023:

  • mais de 45 mil jovens frequentaram a formação profissional;
  • mais de 14 mil jovens foram beneficiados com estágios profissionais;
  • mais de 5 mil jovens foram beneficiados por programas de empreendedorismo.

Isto acontece porque:

  • há mais oferta de formação profissional e de estágios profissionais;
  • mais inclusão nos programas de formação e de empreendedorismo;
  • mais investimento na formação, estágios profissionais e empreendedorismo;
  • há condições favoráveis para financiamentos, com bonificação de taxas de juro e garantias e incentivos fiscais e financeiros ao investimento e à exploração de empresas.

Os dados são positivos e animadores:

  • 63% dos beneficiários conseguem emprego;
  • 67% estão inscritos no INPS;
  • 120 empregos foram criados através dos programas de empreendedorismo.

Vamos continuar a investir na qualificação e no empreendedorismo e, particularmente, reforçar o investimento em kits para que os formandos possam mais facilmente ter condições para exercerem a sua profissão ou operacionalizarem os seus negócios.

O número de segurados e de entidades inscritas no INPS tem aumentado, fazendo com que hoje cerca de 63% da população empregada tenha cobertura da segurança social, quando em 2016 era de cerca de 40%.

No regime REMPE o número de segurados do REMPE no INPS passou de 330 em 2015 para cerca de 26.000 em 2023.

Esta evolução positiva da taxa de cobertura da segurança social é um importante indicador de maior formalização da economia e de garantia de direitos laborais.

O nosso objetivo é até 2026 aumentar para 66% a proporção da população empregada coberta pela segurança social e garantir que pelo menos 70% dos de trabalhadores que se regem pelo código laboral sejam abrangidos pelas medidas relativas à saúde no trabalho, à proteção contra as doenças profissionais. Este é um dos compromissos do Acordo de Concertação Estratégica com os parceiros do Conselho de Concertação Social.

O crescimento económico, as políticas de rendimentos e preços e as políticas de proteção e inclusão social, têm permitido:

  • Reduzir a pobreza.
  • Aumentar o acesso a bens básicos (água, saneamento, eletricidade, uso de gás na cozinha).
  • Aumentar o rendimento per capita.
  • Aumentar a massa salarial.
  • Aumenta o salário médio.
  • Aumentar o valor da pensão média do regime contributivo.
  • Aumentar o número de beneficiários da pensão do regime não contributivo.
  • Aumentar a taxa de cobertura da proteção social.

Temos o compromisso em sede do Acordo de Concertação Estratégica 2024/2026, de:

  • aumentar o salário mínimo nacional para 000$00 e convergir o SMN do setor público com o do setor privado em 2025.
  • eliminar a precariedade laboral na Administração Pública
  • Implementar o Plano de Carreiras, Funções e Remunerações e o novo Estatuto do Pessoal Dirigente.

Encaramos os desafios do crescimento sustentável, do emprego e da pobreza com determinação.

Ainda existem muitos pobres em Cabo Verde e o desemprego ainda atinge muitos jovens.

Mas estamos no caminho certo e a produzir resultados que serão ainda melhores.

Muito obrigado.