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Ex-primeiro Ministro timorense confiante na resolução dos conflitos na Guiné

De acordo com Mário Alkatiri, a ajuda da comunidade internacional é fundamental para que a Guiné-Bissau possa encontrar um caminho longe dessa crise política e social, mas o esforço maior terá que vir do próprio povo guineense.

E a questão do narcotráfico poderá ser a forma de a Guiné chamar maior atenção internacional para os seus problemas, pois que esse é um combate de todos. "O narcotráfico afecta todo o mundo", salienta.

Todavia avisa, apesar da vontade internacional em ajudar, a resolução da crise na Guiné "depende quase que totalmente dos guineenses", avisa e isso só poderá ser conseguido através do diálogo" entre todos os intervenientes na sociedade guineense.

"O caminho é único, é diálogo, é entendimento". Isso, porque "a Democracia precisa de adversários, mas rejeita inimigos. Não se pode converter adversários políticos em inimigos, isso é a pior coisa que se pode fazer em Democracia", aconselha.

As reformas que estão a ser levadas a cabo com a ajuda da comunidade internacional, principalmente de Cabo Verde, nomeadamente a reforma das Forças Armadas, são fundamentais para o fim da crise, segundo Mario Alkatiri.

Todavia, aponta, é preciso "que se mudem as mentalidades" e que as forças Armadas aceitem se submeter ao Poder Político, mas também que esse deixe de instrumentalizar o exército, de outra forma nada valerão quaisquer reformas.

Este mostra optimismo de que tanto a sociedade civil quanto os políticos e militares guineenses parecem estar cientes do que é preciso fazer e mostram vontade em resolver. "Acordaram", diz, ou pelo menos "é o que conseguimos extrair dos encontros que fizemos", conta. "Esperamos que esse acordar signifique o fim para com a violência", apela.

O facto de Timor-Leste ter vivido e estar a conseguir ultrapassar uma crise semelhante, acredita, Alkatiri, faz com que o seu país esteja em condições de ajudar, simplesmente com a troca de experiência. Sobretudo, refere, "nós devemos estar juntos dos nossos irmãos da Guiné-Bissau, embora estejamos longe geograficamente, queremos estar cada vez mais próximo".

Sobre as eleições antecipadas de Junho próximo na Guiné, Alkatiri acredita que os guineenses estão em condições de realizá-las com sucesso, até porque já o demonstraram com três eleições bem sucedidas. "A questão está no pós eleições" e é ai que as coisas terão de mudar.

Relações Timor Cabo Verde são boas

Ainda na sequência do encontro com o Chefe do Executivo cabo-verdiano, José Maria Neves, o entrevistado diz serem "óptimas" e que há a vontade mútua em reforçá-las.

Neste momento, existem alguns profissionais cabo-verdianos a exercerem em Timor, sobretudo na área da Justiça "e felizmente que lá estão, isso reforça o sistema", começou por dizer.

"Pensamos que num futuro próximo poderemos ampliar essa cooperação", conclui.