
O Ministro da Modernização do Estado e da Administração Pública, Eurico Monteiro, encerrou, esta quarta-feira, 06 de agosto, o workshop “Estratégia Nacional de Competências e Prontidão Digital”, promovido pelo Ministério da Economia Digital, através da Cabo Verde Digital, em parceria com o Ministério da Modernização do Estado e da Administração Pública e a Unidade de Gestão de Projetos Especiais (UGPE), com uma intervenção enfática sobre a importância da transformação digital como eixo do desenvolvimento, destacando os desafios e oportunidades enfrentados pelo país durante esse processo.
Para o Ministro, que começou por congratular os participantes, agradecendo de forma especial, tantos aos promotores, como à equipa de consultores que trabalharam no projeto, o sucesso do workshop ficou evidente nas conclusões apresentadas e que deverão refletir-se, em breve, em políticas públicas mais eficazes e coerentes para o setor, “de modo a podermos aumentar grandemente a nossa capacidade de resposta aos diversos desafios, seja naquilo que diz respeito à Administração Pública, seja naquilo que diz respeito ao setor empresarial”.
“Cabo Verde tem todas as razões para apostar neste segmento, por um lado porque somos um país pobre e diaspórico, sem condições materiais de replicar fisicamente os serviços públicos por todos os lados, e por outro, porque, não só estendemos a nossa capacidade de atendimento aos Cabo-verdianos no país e no exterior, como fazê-mo-lo com um nível de eficiência muito maior”, afirmou o Ministro, para quem isso foi demonstrado de forma “quase acelerada” no período da pandemia, em que, mesmo com tecnologia à mão, tivemos que acelerar para poder responder com algum grau de eficácia e eficiência às necessidades das pessoas”.
Apesar dos claros benefícios oferecidos pelas soluções digitais, o governante alertou para a existência ainda de alguma resistência à introdução das mudanças que são “absolutamente necessárias para podermos avançar no futuro”.
“Muitas vezes temos soluções tecnológicas mais avançadas do que a própria atitude ou vontade de mudança. Há quem, por exemplo, prefira manter o poder de decisão centralizado, o poder da caneta, resistindo à democratização trazida pelo ambiente digital”, indicou o Ministro.
Além das resistências, Eurico Monteiro apontou para uma outra barreira crítica: a falsa expectativa de que a digitalização, por si só, resolverá todos os problemas. Para o Ministro, a simplificação e redesenho de processos deve preceder a transformação digital, como já demonstrado, por exemplo, em serviços como a emissão de passaportes e cartões nacionais, cujos prazos foram drasticamente reduzidos apenas com mudanças nos circuitos administrativos.
“É importante ter isto em atenção, para que o processo de digitalização não sirva de desculpa para todas as mazelas do serviço, para toda a burocracia existente e para toda a inércia que ainda temos em responder atempadamente aos circuitos”, sublinhou Eurico Monteiro, que reconheceu, no entanto, o papel da digitalização na promoção da transparência e da responsabilização nos serviços públicos.
“Creio que podemos dar passos um bocadinho mais acelerados porque não temos outra solução, ou ficamos aqui a marcar passo, ou fazemos uma aposta mais forte”, finalizou Eurico Monteiro, para quem essa aposta precisa começar com o reconhecimento das nossas competências, dificuldades e limitações técnicas e científicas. “Conhecer essas realidades é essencial para que possamos evoluir com modéstia, mas com ambição”, concluiu.



