Com o objetivo de reforçar o diálogo e a cooperação regional para promover a resiliência climática no setor da saúde, com foco nas comunidades vulneráveis, em respostas inclusivas e na inovação em políticas e práticas de adaptação, a ONG internacional ENDA Santé, em parceria com a sociedade civil cabo-verdiana (Morabi, Verdefam e Cruz Vermelha) e a CCS-SIDA, no âmbito do Programa Regional FEVE IMPULSE, financiado pelo Grão-Ducado do Luxemburgo, organizou nesta quarta-feira, 03 de dezembro, na capital cabo-verdiana, a Conferência Internacional sobre “Alterações Climáticas, Género e Saúde”.
De 3 a 4 de dezembro, a Conferência Internacional decorreu sob a presidência do Ministro da Saúde de Cabo Verde, Jorge Figueiredo, que, na sua intervenção inaugural, apontou como as mudanças climáticas afeta a saúde das pessoas e reafirmou o compromisso do Governo de Cabo Verde em fazer face a estas ameaças com recurso a uma planificação estratégica. Cabo Verde como um pequeno estado insular habituou-se a navegar entre fragilidade e resiliência e vive o paradoxo da crise climática, sendo que menos contribui para o aquecimento global e é um dos primeiros a sentir os seus impactos.
O Embaixador de Luxemburgo Cabo Verde, Jean-Marie Frentz, reconheceu a importância da parceria com a ONG ENDA Santé, que, durante mais de 15 anos, tem permitido, através do projeto FEVE IMPULSE, que se encontra na sua 4ª fase. Uma iniciativa regional que cobre 10 países permitiu reforçar os sistemas comunitários de saúde, reduzir a vulnerabilidade para o VIH, promover a igualdade de género e os diretos humanos.
A Coordenadora do Programa FEVE IMPULSE, Fatou Maria Dramé, afirmou que as mudanças climáticas é uma ameaça real às nossas vidas, os nossos sistemas de saúde e as nossas sociedades, pois os seus impactos são múltiplos e afetam as pessoas mais vulneráveis.
A Presidente da MORABI, Maria Aleluia Andrade, como parceira do projeto, vê nesta conferencia uma oportunidade urgente para discutir os desafios que se impõe, pois as mudanças climáticas atingem de forma mais dura as mulheres as raparigas e outros grupos mais vulneráveis.
Esta conferência também integra o Plano Nacional de Adaptação do Setor da Saúde às Alterações Climáticas do Governo de Cabo Verde (2023-2027), os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a Agenda Africana para a Saúde e o Clima.
Ao longo dos dois dias da conferência, especialistas e decisores políticos debatem as tendências regionais e locais relativas ao impacto das alterações climáticas na saúde, partilham experiências e boas práticas nacionais, identificam oportunidades para reforçar a resiliência das comunidades, incentivam o envolvimento de parlamentares e decisores políticos no desenvolvimento de políticas integradas de saúde e clima, identificam mecanismos de financiamento e cooperação e, finalmente, vão lançar as bases para uma Declaração de Cabo Verde sobre Saúde e Clima, orientada para políticas sustentáveis e inclusivas.
As alterações climáticas representam uma das maiores ameaças à saúde pública no século XXI. Eventos climáticos extremos (secas, inundações, ondas de calor e desastres naturais) afetam a segurança alimentar, promovem a propagação de doenças transmissíveis e exacerbam as desigualdades sociais e de género.
Nos países africanos, particularmente nos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (PEID) e na região do Sahel, os impactos são amplificados pelas limitações dos sistemas de saúde, pelos conflitos e pelas vulnerabilidades socioeconómicas.
