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Fórum Nacional sobre violência: Conferencistas defendem reforço de medidas preventivas

Numa comunicação inspirada no relatório da OMS sobre a violência e estruturada em duas partes: a focalização dos aspectos conceptuais, tipologias, natureza, mensuração e no modelo de abordagem da violência. José António dos Reis destaca ainda a problemática da violência em Cabo Verde, suas manifestações, passando pela caracterização de alguns tipos e uma proposta de abordagem para a enfrentar. Esta apresentação foi concluída com um resumo das recomendações da OMS para a questão da violência, uma vez que Cabo Verde como Estado-membro dessa organização, deve, sem dúvida, aplicar a resolução WHA49.25 e implementar as recomendações contidas no Relatório Mundial sobre a Violência de 2002.

Carla Cardoso, ao tecer as suas considerações sobre a educação, família, comunicação e violência, focou dois aspectos fundamentais aos quais, segundo ela, estão ligados a violência, sendo, por um lado, a necessidade do agressor impor a sua vontade e de submeter o outro a essa mesma vontade, mantendo, assim, uma relação de forte dependência e ligação e, por outro, o exercício da autoridade e da disciplina.

Neste âmbito, tornou-se necessário a enumeração e elucidação de 3 sub-temas: Família versus violência, Educação/socialização versus violência e Comunicação versus violência, concluindo que a violência surge em contextos e situações diversos o que torna imperioso uma intervenção educativa, não só dirigida aos jovens mas a todos os cidadãos, pois todos, enquanto sociedade global, somos responsáveis e deveremos ser chamados a intervir para contribuirmos para uma sociedade mais justa e igualitária.

A importância das políticas sociais na prevenção da violência, foi o tema escolhido para as considerações da assistente social e psicologa Ana Morais. Na sua intervenção Ana Morais realçou que não se pode explicar a violência com base numa única causa, mas sim a partir de um conjunto de factores, que se conjugam para aumentar a probabilidade de ocorrência de comportamentos  de violência. De entre esses factores, destacam-se os de ordem individual, os ligados ao contexto ou situacionais e factores sócio económicos e culturais.

Para Ana Morais, a violência é um fenómeno complexo e deve ser entendida como uma questão social. A sua prevenção passa por uma forte actuação nos factores de risco, pela adopção de políticas eficazes de inclusão social, que minimizem ou eliminem as desigualdades sociais, e permitam a realização dos direitos sociais básicos, como o acesso à saúde, educação e cultura, protecção social, capacitação profissional, associados a outros direitos, como o acesso à habitação, e ao saneamento básico.

Nesta linha, o Geógrafo Carlos Tavares, defendeu na sua apresentação "o planeamento urbano e a violência", realçando que o planeamento urbano pode contribuir para a redução de crime e violência e para mitigar o sentimento de insegurança na sociedade.

O sistema de justiça segurança pública e violência, foi o tema apresentado pelo Jurista Júlio Martins.

Ponto assente entre essas intervenções é que o fenómeno da violência deve merecer uma atenção especial por parte das autoridades competentes, adoptanto medidas no quadro das políticas socias, educativas, desportivas, culturais, de juventude e de emprego, visando sobretudo o reforço da coesão social e a integração da comunidade, mas também o engajamento de toda a sociedade civil.