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Igreja apela à solidariedade dos cabo-verdianos para fazer face aos novos tempos

O Bispo Dom Arlindo Furtado e, também, o superintendente da Igreja Nazarena, o pastor David Simas Araújo, foram recebidos, hoje, 08 de Novembro de 2011, pelo Primeiro-Ministro no quadro da concertação social. Ambos afirmaram a sua preocupação com a situação da crise e seus reflexos em Cabo Verde, apelando à solidariedade dos cabo-verdianos para fazer face às dificuldades destes novos tempos. Para a Igreja, segundo defendeu, hoje, D. Arlindo, a razão da actual crise económica e financeira internacional deve-se à “falta de ética” e “à especulação” no mundo financeiro.

O Bispo, que foi o primeiro a se encontrar com José Maria Neves,  diz estar a seguir com muita atenção a situação internacional no mundo, pelo que a audiência com o Primeiro-Ministro, foi uma boa oportunidade de se inteirar melhor sobre a situação relativamente ao nosso país e, sobretudo para levar a José Maria Neves palavras de “encorajamento e de proximidade” para que junto com todos os parceiros sociais sejam encontradas as “melhores soluções” para o país.

“Quando o Governo trabalha bem todos nós seremos os grandes beneficiários” frisou D. Arlindo Furtado, que fez questão de lembrar ao Primeiro-Ministro dessa grande responsabilidade.

Da mesma forma, o Superintendente da Igreja Nazareno, o Pastor David Simas Araújo, louvou a oportunidade de poder “trocar algumas ideias” com o Chefe do Executivo sobre o tema em questão. Contudo, acredita, assim como vem defendendo o Primeiro-Ministro, a crise pode  se constituir numa oportunidade “para darmos um salto”, com criatividade e trabalho.

Para isso, adverte, é preciso gastar menos, “conforme as nossas possibilidades”, salientando que o Governo “tem dado boas indicações de fazer investimentos que possam ajudar, no futuro, o povo”. Todavia, é preciso, também mudar a mentalidade dos cabo-verdianos que é ainda “demasiado assistencialista”, para que as pessoas “tenham auto-estima, tenham valor e possam também construir, tanto o sector privado, como o sector público”, nota.

Ambas as Igrejas afirmam a disponibilidade de ajudarem, através das suas instituições e acções de apoio aos mais carenciados e também, como é da sua vocação, no trabalho espiritual de apelar à solidariedade sendo que a Igreja “é uma promotora de esperança e da solidariedade.

Sobre as razões da crise, “a igreja vê esta crise actual como resultado da falta de ética no mundo das finanças, sobretudo, pelo domínio da especulação, obtendo-se riquezas que não foram produzidas pelas pessoas que se alvoram ser donas das mesmas”, sublinhou D. Arlindo Furtado.

Aliás, tal situação, recorda, havia sido já vaticinada pelo próprio Papa Bento XVI, então Cardeal Joseph Ratzinger, nos idos anos 90. Foi durante uma conferência sobre a Ética e a Economia, que o santo Padre alertara sobre as dificuldades que poderiam surgir “caso o mundo das finanças continuasse a ter o comportamento de especulação, desrespeitando os princípios éticos de justiça e de solidariedade, poderia cair numa situação “extremamente difícil para todos, o que “veio a acontecer”.