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ONG´s e Governo estudam alternativas face à crise internacional

As organizações de carácter social cabo-verdianas vêm sentindo os efeitos da crise internacional, desde 2008 a esta parte e, com o agravamento da crise na zona Euro, as ONG´s temem que os financiamentos aos projectos sociais possam reduzir ainda mais no futuro imediato, pondo em risco a execução de vários projectos importantes. É o que diz o Presidente da Plataforma das ONG´s de Cabo Verde, Avelino Bonifácio que teve a oportunidade de manifestar a sua preocupação ao Primeiro-Ministro que prometeu estudar novas formas de financiamento das actividades das muitas associações de âmbito social.

De acordo com Avelino Bonifácio, desde que despoletou a primeira crise internacional em 2007/2008, as ONG´s nacionais vêm sentindo os efeitos com uma “diminuição considerável” dos fundos disponíveis para os seus projectos sociais.

Redução essa que começa a se fazer sentir com mais vigor agora, com o “agravamento da crise das dívidas soberanas dos países europeus, particularmente Portugal, onde as ONG´s são aquelas que mais cooperam connosco. A situação tem sido difícil e já não tem sido fácil conseguirmos mobilizar qualquer tipo de financiamento”, considerou Bonifácio.

É o exemplo da própria plataforma que diz, costumava executar até cinco grandes projectos de uma só vez e no momento mantém um único projecto em execução, relacionado ao HIV/SIDA. Sobre isso, é o próprio entrevistado a avançar que o Primeiro-Ministro, José Maria Neves, terá assumido o compromisso do Governo assumir uma colaboração “mais estreita” com a Plataforma das ONG´s e com o Fórum Cooperativo, para a identificação de novos mecanismos e fontes de financiamento para os projectos sociais das ONG´s cabo-verdianas.

Para além disso, o Governo, segundo Bonifácio, assume o compromisso de apoiar as ONG´s nacionais na assumpção de sua contrapartida nos financiamentos de projectos, uma exigência dos financiadores, através da criação de um fundo para ajudá-las “a aceder a esses recursos lá fora”.

O Presidente da Plataforma está mais tranquilo com as garantias do Primeiro-Ministro de que “não haverá mexidas nas pensões sociais” e nem haverá redução dos salários na função pública. Este ainda defendeu a posição do Governo de se fazer a contenção das despesas do Estado que deverá englobar “toda a máquina do Estado”, incluindo os institutos, as empresas públicas, as Câmaras Municipais e o Parlamento. 

Longe da situação de Portugal”

E se medidas de prevenção da crise se fazem necessárias no momento para impedir um agravamento dos efeitos da crise europeia, Avelino Bonifácio está seguro de que a situação cabo-verdiana “ainda está muito longe” de chegar à situação de alguns países, nomeadamente Portugal, que se viu obrigada a mexer nos benefícios dos pensionistas e salários dos trabalhadores.

Segundo Bonifácio, que foi também Ministro da Economia de Cabo Verde, a dívida soberana do país “ainda não atingiu sequer 85% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto que para países em crise como Itália ou a Grécia, cuja situação é ainda mais dificil, essa mesma dívida ascende os 120% ou abeira esses números, como é o caso de Portugal. A dívida de Cabo Verde equivale, na sua maior parte de empréstimos concessionais, ou seja, são dívidas de “longo prazo, com taxas de juros muito baixas”, pelo que “seguramente não devemos fazer a comparação de Cabo Verde à situação desses países”. Contudo, alerta, é preciso agir na prevenção, como o Governo tem procurado fazer.