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Governo promove diálogo aberto pela paz

Tal como já havia feito antes, o Chefe do Executivo confirmou, perante uma plateia de estudantes da Universidade Jean Piaget, nesta terça-feira, a sua intenção de promover um "diálogo aberto" com todos os cidadãos, incluindo os jovens em conflicto com a lei. Já no encontro do dia 28 de Abril deverão participar alguns líderes desses grupos de jovens.

"Mas quais grupos thugs?", interroga para logo depois explicar que a sua preocupação vai para aqueles que, sendo considerados "indistintamente" "thugs", não estão ainda na criminalidade e que ainda podem ser resgatados e transformados em cidadãos úteis ao país.

Há que haver, portanto, "um trabalho preventivo em relação a essas pessoas", afirma, reafirmando a sua total disponibilidade para promover um amplo debate sobre essa problemática da violência, em particular a delinquência juvenil, que admite, é um aspecto que preocupa e que tem estado a aumentar.

Nas suas incursões pelos bairros, o Primeiro-Ministro pôde constatar que muitos desses jovens em conflito com a lei auguram um outro destino que não a criminalidade e a delinquência juvenil e "querem conversar, discutir alternativas com o Governo. E disponibilizei para discutir com esses jovens", frisa.

Assim, considera, promover o diálogo com esses jovens "é um acto de humanismo", pois mostra que há um Governo que se preocupa com os problemas dos seus cidadãos, sobretudo dos jovens e que acredita que é possível resgatar muitos desses jovens do mundo do crime. "Tenho a certeza que vai contribuir (para ajudar a combater a delinquência juvenil) e vamos seguir por esse caminho" da prevenção através do diálogo e de políticas sociais inclusivas", realça confiante o Chefe do Executivo.

Essa é uma prática que não é nova entre chefes do Governo, como mostrou Nelson Mandela em tempos, enquanto Presidente da República sul-africana, em que foi ao Soweto conversar com os ditos bandos para tentar resolver as tensões naquele país. Um acto de coragem, considera José Maria Neves.

Quanto àqueles que já tenham enveredado pela criminalidade, há que tomar medidas para que paguem por seus crimes "e aí não pode haver titubeio!", reforça. Foi o que aconteceu recentemente em que os tribunais na Praia julgaram 33 desses jovens delinquentes. Para isso há as instâncias próprias para cuidar desses, como a polícia, os tribunais, as prisões e as instituições de reinserção social.

"Estes devem ter o tratamento próprio e é por isso que estamos a reforçar a polícia com meios como equipamentos e efectivos, estamos a criar as condições para que os tribunais funcionem de forma mais célere", aponta, referindo-se à Lei da Política Criminal para priorizar alguns crimes violentos e que vai ser agora apresentado ao Parlamento.

Neves apela ainda a uma abordagem histórica e científica do fenómeno da violência e da criminalidade para que possa haver um melhor entendimento e, consequentemente, melhores soluções e políticas, sabendo que o combate à violência faz-se, sobretudo, através da educação pela promoção de uma cultura da paz. Nesse aspecto, diz, o contributo das universidades será fundamental.

Nesta quarta-feira, o Primeiro-Ministro participou do acto de abertura de um Colóquio sobre a violência e a Criminalidade em Cabo Verde, promovido pela Universidade de Santiago, em Assomada.