O Primeiro-Ministro, José Maria Neves, defendeu, nesta sexta-feira, a necessidade da comunidade internacional “prestar” atenção aos problemas da Guiné-Bissau para que possa encontrar o caminho da paz”.
José Maria Neves fez estas declarações, à margem do lançamento do Fundo de Garantia Mútua para os estudantes universitários que decorreu hoje, na cidade da Praia, depois de num primeiro momento ter-se recusado a comentar as últimas declarações, contendo ataques verbais indignos à sua pessoa e ao povo cabo-verdiano, feitos por um porta-voz do Governo de transição da Guiné-Bissau que chegou ao poder após o último golpe de Estado naquele país.
Neves começou por escusar-se a comentar o assunto alegando que “não merecem qualquer comentário do Governo de Cabo Verde. O Estado de Cabo Verde é uma pessoa de bem, as instituições da República são legítimas, Cabo Verde é um Estado de Direito Democrático e tem uma grande confiança e prestígio no plano internacional”.
Porém, diante da insistência dos repórteres, o Chefe do Executivo afirmou a necessidade de a comunidade intervir em relação à Guiné-Bissau. “Cabo Verde quer que a Guiné-Bissau encontre a paz, quer que a comunidade internacional preste atenção em relação à Guiné-Bissau, porque está a transformar-se num narco-Estado onde não há respeito pelos direitos humanos. Onde as instituições da República não funcionam, há um regime militar, não há a submissão do poder militar aos poderes civis legitimamente instituídos e deve ser motivo de preocupação para toda a comunidade internacional”, afirma.
E acrescenta, “eu insto a União Africana para ver com um olhar atento a situação da Guiné-Bissau, porque trata-se de uma questão, em primeiro lugar, da África e que deve buscar consensos com as Nações Unidas, com a CPLP, com a CEDEAO, para que possamos dar um contributo para a paz, para a estabilidade, para a reconstituição das instituições republicanas e para a reconstituição do Estado e lançamento das bases para a consolidação da Democracia e para o desenvolvimento da Guiné-Bissau”.
De referir que tudo isto vem na sequência de violentas declarações proferidas por um porta-voz do Governo de transição da Guiné-Bissau, em reacção a supostas declarações que o Chefe do Executivo de Cabo Verde nem sequer terá proferido. Acusações que não se entendem, pois que Neves, recusara-se, num primeiro momento, a abordar os últimos acontecimentos na Guiné-Bissau, alegando não ter todas as informações e relegando para uma outra ocasião, mais “oportuna”, qualquer posicionamento do seu Governo (veja o artigo relacionado: Governo atento a últimos episódios de instabilidade na Guiné-Bissau).
