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PM: “Roubo de energia é um problema de cidadania”

O Primeiro-Ministro, José Maria Neves abordou, hoje, a crise na ELECTRA considerando as dificuldades que têm a ver com a gestão da empresa, o não pagamento da iluminação pública, assim como o roubo de energia que acarreta rombos de cerca de três mil contos diários e que constitui enorme desafio para a saúde financeira da empresa. Neves coloca o dedo na ferida e, respondendo à manifestação de ontem na capital, urge as pessoas a convocar uma manifestação contra essa prática criminosa que, segundo ele “é um problema de cidadania”.

Aproveitando o lançamento da primeira pedra da construção do Centro de Formação em Energias Renováveis, José Maria Neves respondeu à manifestação de ontem, na capital, convocada pelo grupo Pró-Praia, e que tinha como objectivo demonstrar o descontentamento com a situação que vinha sendo vivida por estes dias na capital e, um pouco por todo o país, como reconheceu Neves.

Uma situação que, também, a ele angústia “enormemente”. Apesar dos grandes investimentos a serem feitos em matéria de energia, a situação ainda não está resolvida, o que, diz, “mostra-nos os desafios que ainda temos pela frente”.

Desafios, tanto a nível do investimento, como também da gestão “ a todos os níveis nesse sector”, bem como dos recursos humanos. Porém, o problema, também, tem a ver com um “grande deficit de cidadania”, afirma o Primeiro-Ministro, referindo-se aos roubos de energias constantes em todo o território nacional, sobretudo na capital, e que representam perdas de mais de três mil contos diários.

Um grande buraco e um desafio, considera, quase que impossível para qualquer empresa estatal em qualquer país. Isso, para responder também à manifestação de ontem na capital, liderada pela Pró-Praia e que esteve no Palácio do Governo para entregar o seu manifesto ao Primeiro-Ministro.

Na altura Neves encontrava-se na cerimónia de inauguração da Escola de Hotelaria e Turismo de Cabo Verde, pelo que não pôde receber os manifestantes. “Mas, num desses dias convocarei uma manifestação dos governantes e de outras instituições que trabalham na problemática da cidadania para fazermos, também, uma grande manifestação em Cabo Verde de promoção da cidadania e de respeito pelos equipamentos públicos e investimentos que são feitos em defesa do interesse público”, salientou.

Entretanto, José Maria Neves não foge às suas responsabilidades, enquanto chefe do Governo, dizendo que a culpa “não pode morrer solteira”. E defende que o Governo, o Estado terá de fazer a sua parte, por exemplo, continuando a investir no seu projecto de sustentabilidade do sistema energético com o aumento da penetração de energias renováveis.

Mas também,” reprimindo lá onde for necessário”, frisa, e exigindo responsabilidades a todos os níveis em termos de gestão da empresa” e às pessoas nos diferentes bairros do país”. É preciso que se tomem acções, mesmo que signifique cortar a luz nas casas e nos bairros onde há uso ilegal de energia, “então que se faça isso imediatamente”, reforça.

Há que, ainda, exigir que as pessoas paguem as facturas sob pena de haver cortes, e se há necessidade “então que se faça imediatamente”, defende.

O roubo de energia é, portanto, uma luta de todos, pois que coloca em risco todo o sistema de energia. A acrescentar a tudo isso, há ainda os riscos para as vidas das pessoas com as ligações clandestinas, sem contar com o perigo de danificação do sistema e de novas rupturas, ainda mais na época das chuvas que se avizinham, sublinha o Chefe do Executivo.

O deficit na iluminação Pública (ninguém paga) é outro grande cancro para a Electra, significando, até o momento, um rombo de mais de 500 mil contos e que tem de ser resolvida, avança Neves, assim como uma melhor legislação que permita uma maior acção no sentido de resolução desses problemas. “Nos próximos dias estaremos a tomar um conjunto de medidas em relação a essas matérias”, avança.    

Contudo, José Maria Neves mostra-se confiante de que o plano energético que este governo vem implementando será capaz de resolver de vez os problemas de energia em Cabo Verde com uma forte aposta nas energias renováveis com os quatro parques eólicos em execução e os dois parques solares que permitirão uma penetração de 25 por cento de energia renovável a partir do próximo ano. A meta é ter, até 2020, 50% de penetração de energias renováveis no país.