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Primeiro-Ministro à conversa com alunos da Jean Piaget

Na sua intervenção inicial, José Maria Neves procurou mostrar o grande percurso feito por Cabo Verde desde a independência até o momento, sobretudo no que se refere ao ensino superior, em que de apenas dois liceus e nenhuma universidade em 1975, Cabo Verde passou a contar com oito universidades e instituições de ensino superior, a partir de 2001, ano em que passou para a Chefia do Governo.

O Primeiro-Ministro recorda os seus tempos de finalista do liceu, em que não havia mais de 50 finalistas para mais de 100 bolsas de estudo, contrastando com a realidade actual em que 5 mil bolsas não chegam para apoiar os quase 18 mil estudantes, sendo aproximadamente 10 mil alunos das instituições nacionais, enquanto os restantes encontram-se no estrangeiro a estudar. 

Números que, diz, ilustram bem esse caminho percorrido em matéria de educação e ensino superior e, não só. Agora, sublinha, o desafio passa pela elevação constante do nível de qualidade dessas mesmas instituições, para que os seus formados possam sair melhor preparados para os desafios deste país que se quer cada vez mais competitivo e globalizado.

Aliás, a intervenção de José Maria Neves centrou-se muito sobre essa ideia de que é preciso "transformar" Cabo Verde, ou seja, fazer das vantagens comparativas, como são por exemplo, o clima, a sua posição geoestratégica, o elevado nível de escolaridade das suas gentes, a estabilidade política, económica e social, em vantagens competitivas.

Essa transformação passa, de acordo com José Maria Neves, por uma visão cada vez mais empreendedora da juventude que aposte na qualidade e na criatividade. "Não basta sermos bons engenheiros, temos de ser os melhores", afirma. A criação de mais empregos e de maior empregabilidade passa também pela implementação do empreendedorismo conforme explica o Chefe do Executivo.

Nesse contexto a aposta na qualidade das universidades será fundamental para essa transformação na mentalidade dos cabo-verdianos e cabo-verdianas. É com isso em vista, e atendendo à grande dinâmica conseguida pelo sector da formação superior que se resolveu criar o Ministério de Ensino Superior, Ciência e Cultura, a par do Ministério da Educação e Desportos, explica Neves.

Qualidade preocupa

Quanto à preocupação de alguns estudantes quanto à "proliferação" de universidades em Cabo Verde, "algumas sem as mínimas qualidades", como interrogou uma aluna, a responsável pelo novo Ministério, Fernanda Marques, garante que o Governo tem em elevada conta essa preocupação.

Tanto é que criou esse novo Ministério e tem dado seguimento a todas escolas em funcionamento, não só a nível superior, sendo que a própria Uni-Piaget foi das primeiras alvo de uma auditoria externa, com critérios bem definidos.

Entretanto, salienta o Primeiro-Ministro, é verdade que muitas dessas universidades não reuniam todas as condições para começar, mas que é preciso começar "para introduzir elementos de pressão e irmos corrigindo as falhas e aperfeiçoando ao longo do caminho", lembrando que a própria Uni-Piaget também foi sujeita a muitas desconfianças aquando do seu arranque e que volvidos nove anos conseguiu granjear algum respeito e prestigio.

Também colocaram-se preocupações em matéria de bolsas de estudo, transportes escolares e parcerias para as universidades colocadas não só pelos estudantes como pela administração da escola. Quanto a parcerias, Neves afirma a total disponibilidade do Governo para ajudar a construir parcerias para as universidades nacionais, a nível por exemplo, da parceria especial com a Europa.

No que tange às bolsas, garante o empenho do seu Governo para continuar a procurar mais e melhores formas de apoiar os estudantes e prometeu ver junto com os demais ministérios e parceiros, as melhores soluções para as dificuldades relacionadas aos transportes escolares, nesse caso para as universidades.